segunda-feira, 30 de março de 2015

Orgulho e Preconceito

Como toda fã de Jane Austen bem sabe,
um dos problemas da vida é que o número de Srs. Wickham
é multíssimo maior que os de Srs. Darcy (independente do gênero.)

É muito mais fácil cair pela suposta perfeição e nobreza de alguém que se pinta conforme a plateia
do que pelas qualidades e defeitos de alguém que é abertamente imperfeito.

É muito fácil nos orgulharmos das grandezas de quem está atuando para conquistar o que deseja.

Por outro lado, é bem mais difícil aprender que, as vezes,
as paixões avassaladoras são baseadas em sentimentos para alguém
e apenas conforto e conveniências para outros.

Os senhores Wickham sempre serão vistosos em seu uniforme e pose,
mas nem todo senhor Darcy se apresentará como seus sonhos à princípio;

o que é conveniente, já que te dará a chance de ver o que você precisa e realmente quer,
ao invés de ser servido com as doces atuações de alguém.

Manter a fé e esperança nem sempre é fácil,
mas aliar ambas com os olhos abertos, além do orgulho e preconceito, é a verdadeira lição.

Ao menos é o que começo a notar nos casais que realmente tem histórias
(e não finais) felizes de verdade.

segunda-feira, 23 de março de 2015

Experiências

Beleza? Integridade, inteireza.

Eu nunca passo impune por uma experiência, a gente cria um canal e recebe uma coisa que é da humanidade, que é da existência da vida, você vai receber e sentir a força de um vulcão, muitas vezes, dentro de você e vai deixar que passe.

Deixe ir

Quando você deixa se esvaziar plenamente, a coisa (o sentimento) passa por você e você realmente se surpreende o tempo inteiro com o que está vindo. E eu acho que isso é onde o teu ego não vai interferir e ai é muito bom, sinceramente, por mais louca energia que vá passar por você.

O que é interessante é você abrir o seu inconsciente, aquilo que você experimenta na vida você experimenta na arte, você experimenta na música, na literatura, nas palavras... Essa liberdade, essa não repressão é muito gratificante.

Eu experimento muita melancolia, eu assumo uma tristeza sem remédios, sem paliativos pra ela, mas uma coisa que aprendi é não me desesperar com ela e acredito que essa capacidade, de se conectar com ela, é digna de uma construção de uma obra de arte, não que é o caminho: "Para se fazer arte é preciso ficar triste", não é isso! Mas eu respeito essa sensibilidade porque é o ônus de você ser sensível, fazer arte e propor a construí-la.

Existem muitas pessoas frias e insensíveis no mundo...

E eu tô falando de mim como se eu soubesse exatamente como devo fazer e na realidade eu me perco pra caramba nessa busca, às vezes eu tô achando: "Não, é esse o caminho certo, o caminho da paz...", e ai as coisas já viram ao seu oposto, num movimento total.

Há um tempo atrás eu saberia dizer exatamente quem eu sou, o que faço, qual meu dinossauro preferido... Eu não sou capaz disso hoje, eu não sou capaz de dizer o que eu faço para... quem eu sou com... Vai variando, mas tem coisas que são básicas e o que me equilibra é buscar uma saúde física, mental, corporal, trabalhando isso e também às vezes experimentar uma experiência mais dionisíaca disso. Um momento em que você sai, bebe com os amigos,com o namorado, fica bêbada pela primeira vez, canta, dança e desequilibra um pouco essa ordem.... Eu preciso disso um pouco também, pra eu rir de mim mesma, se não eu vou ficando muito séria.

Tô aprendendo...

segunda-feira, 16 de março de 2015

Esconderijo

Por Daniel Cardozo

Surpresa. Essa talvez seja a palavra que mais se repete na minha cabeça enquanto vou tentando entrar no seu mundo. A cada dia conversando, descubro mais nuances e características surpreendentes. Talento para a música, timidez, voz delicada, conversa agradável e muitos outros fatores prendem quem chega perto.

O que intriga é pensar: nossa, quantas diferenças. Enquanto Larisse tem mais de uma década de dedicação intensa à música, eu nem posso ser chamado de músico. Se comparam os textos, tem muita discrepância aí também, afinal, lado a lado estão textos leves, poéticos e uma narrativa burocrática que o jornalismo político pede. Quando o assunto é religião, o abismo continua se abrindo. Meishu-Sama, Johrei e purificação do espírito são palavras-chave. No outro extremo, nem mesmo uma fé definida ou frequentar rituais são opções disponíveis.

No entanto, nem tudo são discrepâncias. O nível de dedicação à música se dissolve quando se avaliam os poderes que os acordes e as letras têm nos dois organismos, alegria, raiva, tristeza, melancolia. As palavras empregadas acabam sendo compreendidas pelos diferentes autores. E no momento em que a concepção divina está em pauta, uma coisa vem às duas cabeças, o respeito pela fé alheia. É, talvez seja normal ser tão diferente.

Mas algo que talvez tenha sido deixado solto foi o tal elemento surpresa. Ora, parece autoexplicativo, já que Larisse é uma das pessoas mais cheias de talentos que eu já vi. E fala de si mesma sem parecer uma subcelebridade, dizendo o famoso bordão “canta, dança e interpreta”.

Desculpe pelo clichê – que você, Larisse, sabe muito bem que não é uma das coisas favoritas para mim -, mas a intenção foi proporcionar um contraste. Afinal, a dona desse blog pode fazer qualquer coisa, menos fazer parte do lugar comum. Gosto pelos estudos, uma relação bem resolvida com a família, acompanhados de beleza e bom humor, não costumam andar juntos. Truco.

E as circunstâncias forçam até contornos diferentes. O               que era para ser um perfil – inicialmente, obedecendo todas as regras do jornalismo moderno, com lide, sublide e texto objetivo e conciso – acabou virando uma crônica (muito mal escrita e entediante, por sinal). Aliás, aceitar a tarefa de escrever sobre um ser humano complexo, mas ao mesmo tempo intrigante, foi algo que, admito, me pareceu desafiadora. No final, as palavras foram digitadas com fluidez. Sem sustos.

Foi possível dizer muito nesse texto, menos a explicação para uma pergunta possivelmente sem resposta. Onde você estava escondida?