terça-feira, 7 de abril de 2015

Aprendizados

Pensando pelas teorias brasileiras, o ano só começa de verdade depois do Carnaval. Já o meu ano de fato começou se renovando no dia 31 de Dezembro para o dia 1º de Janeiro, mas mesmo sentindo esse sentimento de finalização merecida, tem sido apenas recentemente que começo a ver os verdadeiros frutos de ter plantado, em mim mesma, a vontade de recomeçar. Há umas semanas pra cá, mais exatamente.

Obviamente há um período de "incubação" após grandes tormentas que precede o renascimento da luz. Esse renascer se dá muito mais como o quebrar da casca de um ovo, em oposição á uma retirada obstétrica bruta para o novo mundo. O que quero dizer com isso é que ficamos muitas vezes esperando um momento de profunda epifania para marcar o nascimento ou renascimento, um choro gritante, mas esquecemos que não apenas esse momento único pode não chegar, como podemos ignorar toda a jornada que pode antecedê-lo. Essa caminhada é muito mais longa e valiosa que se valorizarmos apenas o estouro da champagne.

 Nesse último mês, notei em mim mesma pequenas ações que, quando parei para pensar, significaram muito; mesmo que na hora eu não tenha notado. Pela primeira vez em oito anos (sim, oito anos!) escrevi sobre mim mesma apenas por querer me retratar e não porque precisava que alguém lê-se ou porque gostaria que ninguém soubesse sobre quem eu estava falando, enfim fui autêntica e sincera o bastante pra falar: Estou escrevendo sobre mim! É autobiográfico.
Me descrevi apenas pelo prazer de me descrever, por ter na minha mente uma questão estética e querer mostrá-la de alguma maneira. A verdadeira Larisse, não a que alguns supostamente acham que sou. 

 Percebi que voltei a gostar de visitar meus antigos desenhos, meus antigos projetos arquitetônicos, minha antiga agenda de sonhos...  De fazer pequenos agrados em forma de comida para as pessoas que amo. Notei que sentia falta de me arrumar para sair comigo mesma, de ir ao cinema sozinha, de me sentir confortável estando só.  De ser minha! 

Tenho plena consciência que ainda há um caminho longo que devo percorrer até me reencontrar depois da tormenta, mas conseguir apontar essas vitórias que poderiam passar despercebidas passou a alimentar a minha consciência de que estou aos poucos reencontrando uma Larisse que não via há muito, muito tempo. Sem deixar de lado o que outras tantas Larisses antes de mim viveram e aprenderam, mas resgatando também um amor próprio e um prazer em minha própria companhia que estava se perdendo durante um bocado de anos por pessoas e momentos que não valiam à pena.
Passei a fazer mais o que amo e não o que preciso e o que esperam que eu faça. Passei a passar a borracha ao que não preciso mais e às pessoas que não quero mais.

Dentro desse prazer em conviver comigo mesma, mesmo que ainda pontuado por momentos de baixa, percebo até mesmo a volta da vontade de conviver mais com as pessoas em que, de fato, encontro paz de espírito e um amor fraternal. Reconhecendo pedaços perdidos de mim mesma, em mim e nos meus amigos e família, começo a quebrar uma casca que nem tinha consciência de que estava me envolvendo: não de uma vez, não com um grande "BANG", mas sim com pequenas ações e momentos durante os dias mais comuns (e também os incomuns).

É natural e normal que as pessoas se percam, se reconquistem, se encontrem e reencontrem. Não buscando um novo eu, mas sim pedaços de um antigo eu que por ventura está faltando para deixar o eu atual o mais fiel à sua essência possível. Devemos sempre levar conosco as lições e aprendizados do passado, mas não deixando eles se tornarem uma cortina para a luz em formato de raiva, mágoa e desamor próprio.

Hoje penso no que amo, no que amei e no que quero amar em mim mesma. Sei que é uma jornada difícil, mas estarei aqui do meu próprio lado em cada passo que eu der. Contarei comigo mesma 24horas por dia.

Tô aprendendo...

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