sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Amor é igual leite...




"Quando eu era criança tinha uma mulher velha que jogava um palito de fósforo aceso no café e via o futuro na mancha que fazia quando o palito apagava.

Sempre me levavam lá pra tirar quebrante.
Ficava nessa mesma rua aqui da quitanda.
Acho.
Tipo mais lá pra baixo.
Uma vez eu tomei um fora na escola e chorei em casa.
Minha mãe achou que era quebrante.
A velha jogou o fósforo.
Falou que era amor.
No dia seguinte foi a mesma merda.
Botei a culpa na velha.
Depois com o tempo descobri que o problema era o café.
Porque café não tem nada a ver com amor.
Café desce rasgando e te deixa ligado.
Amor não.
Amor é tipo leite.
Tem prazo de validade curto e azeda muito rápido.
E longa vida tem conservante.
Uma mentira embalada.
Só parece seguro porque está em uma caixinha.
Depois que abre é igual a qualquer outro.
Não sei como chorei por aquele ridículo da escola.
Ele era horrível.
Amor é tipo isso, derivado de leite com embalagem bonita na geladeira do mercado.
Você quer muito, as vezes fica doente de vontade, mas depois que bebe vê que nem foi tudo aquilo.
E sem as embalagens, no fundo, danone, queijo, manteiga… é tudo a mesma merda.
Fica lá em você boiando até sumir.
Teu corpo absorve o bom.
E o ruim vai embora.”

domingo, 13 de novembro de 2011

Para Luíza


"Tinha suspirado, tinha beijado o papel devotamente.
Era a primeira vez que lhe escreviam aquelas sentimentalidades,
E o seu corpo ressequido que se estira num banho tépido;
Sentia um acréscimo de estima por si mesma,
E parecia-lhe que entrava enfim numa existência superiormente interessante,
Onde cada hora tinha o seu encanto diferente,
Cada passo conduzia a um êxtase,
E a alma se cobria de um luxo radioso de sensações"

sábado, 12 de novembro de 2011

Estudo de um amigo


Predominantemente reto, fresco e pontudo
Só o mundo gira, vagar, bumbo
Vencer também traz perdas

Que a verdade que nos consome
Deixa claro na virtude prostituída
O conselho velho de minha avó
Pretendo lutar e mais ainda sem temer

O teu orgulho não consola, a tua esmola
Esmola de ruínas, perdas desnecessárias
Vermes cheios de si

“Cresça menino, deixe isso ai.”
Palavras... ”Arrume a posição”
Disfarça... ”Olhe a arcada”
Compassa seu ritmo

Sem equilíbrio, sem emocional
Teu racional não pensa certo
Deixa sua amargura vencer

E quando tudo parece estar fazendo sentido
Vem o desequilíbrio