segunda-feira, 30 de abril de 2012

Nunca Tive Vocação pra Ser Amélia


Quem eu Sou               

                Eu sempre fui moça bem-comportada. Pudera sempre tive vocação para ser tímida. Mas a alegria pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido, sem soluções, não. Ah, pra isso não. Sempre fui mal-comportada.
                Eu quero da vida o que ela tem de cru e de belo. Estou aqui para fazer as pessoas felizes. Estou aqui pra aprender a gostar de cada detalhe que tenho. Pra seduzir somente o que me acrescenta. Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa, transitória e tenho uma aptidão pra mim mesma que me deixa exausta. Eu sei sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo inteiro. Sei chorar toda encolhida, abraçando as pernas. Por isso não me venha com meios termos, com mais ou menos, ou qualquer coisa! Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas, coração, falta de ar e o escambau! Eu acredito é em surpresas, suspiros, mão massageando o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente. Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala olhando nos olhos, em gente que fala te cutucando de alguma forma, sem materialismo. No toque, mesmo. Na voz ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. Tenho medo de altura e sou claustrofóbica. Mas não evito meus abismos e minhas introspectividades. São eles que me dão a dimensão que sou.
                  Nunca fui menina bem alienada. Pudera, nunca tive vocação pra ser Amélia. 



sexta-feira, 27 de abril de 2012

Procurando


O mundo às vezes parece paralelo e as pessoas que ali estão te forçam parecer um duplo lítio com amônia. Meio amargo, sabe? Esse paralelo é a grama do vizinho. Você procura sempre aquele formato que sempre se esvai. Aquela cor que é pura. Aquele som afinado e limpo. Como o som de um oboé. Mas não. Não é. Tem que fabricar a palheta. É preciso sair da cadeira para que possa desfazer daqueles mesmos velhos costumes cômodos e que, realmente, você está com tudo em cima.


Por, Larisse Teixeira.