Eu
sempre fui moça bem-comportada. Pudera sempre tive vocação para ser tímida. Mas
a alegria pra paixão sem orgasmos múltiplos ou pro amor mal resolvido, sem
soluções, não. Ah, pra isso não. Sempre fui mal-comportada.
Eu quero da vida o que ela tem de
cru e de belo. Estou aqui para fazer as pessoas felizes. Estou aqui pra
aprender a gostar de cada detalhe que tenho. Pra seduzir somente o que me
acrescenta. Adoro a poesia e gosto de descascá-la até a fratura exposta da
palavra. A palavra é meu inferno e minha paz. Sou dramática, intensa,
transitória e tenho uma aptidão pra mim mesma que me deixa exausta. Eu sei
sorrir com os olhos e gargalhar com o corpo inteiro. Sei chorar toda encolhida,
abraçando as pernas. Por isso não me venha com meios termos, com mais ou menos,
ou qualquer coisa! Venha a mim com corpo, alma, vísceras, tripas, coração,
falta de ar e o escambau! Eu acredito é em surpresas, suspiros, mão massageando
o peito ofegante de saudades intermináveis, em alegrias explosivas, em olhares
faiscantes, em sorrisos com os olhos, em abraços que trazem pra vida da gente.
Acredito em coisas sinceramente compartilhadas. Em gente que fala olhando nos
olhos, em gente que fala te cutucando de alguma forma, sem materialismo. No
toque, mesmo. Na voz ou no conteúdo. Eu acredito em profundidades. Tenho medo
de altura e sou claustrofóbica. Mas não evito meus abismos e minhas
introspectividades. São eles que me dão a dimensão que sou.
Nunca fui menina bem alienada. Pudera, nunca tive vocação
pra ser Amélia.