segunda-feira, 13 de abril de 2015

Reflexões Sobre o Amor

"E se for eu? E se eu tenha essa ideia de amor na minha cabeça e ela está totalmente errada?" 


Como em um romance de segunda categoria, cheguei à conclusão que o mundo como eu o conheci se ruiu debaixo dos meus pés e foi trocado por uma junção fantástica e abençoada de novos conhecimentos e medos. E um punhado de dor de cabeça. Então, é claro, achei que a coisa mais saudável a se fazer seria esquecer minhas histórias amorosas e dividir com o mundo a respeito dos meus novos conhecimentos sobre a vida e relações humanas - porque é esse tipo de coisa estranha que faço, ao visto, aqui neste quarto escuro (blog) que decidi dividir com vocês.

Passei 21 anos da minha vida acreditando no que me disseram em contos da fada, literatura clássica e filmes da Disney, de que um dia cruzaria olhares com um completo estranho na rua e que essa pessoa seria "a pessoa" da minha vida.

Pode ser um romantismo absurdo, imaturidade ou infantilidade, mas de fato acreditava de todo o meu coração que existiria alguém que seria minha alma gêmea; E agora, de maneira absurdamente leve e assustadoramente rápida, meu coração percebeu que não é bem assim que a banda toca. Não mesmo... 

Ainda acredito e confesso, até mais do que acreditava quando acordei ontem, que existem almas e espíritos destinados a se encontrarem e que compartilham uma ligação (elo) inequivocadamente romântica e eterna. Só que não acho mais que todas as pessoas só vão encontrar UM exemplar desses, ou que existirá aquele UM que superará todos os outros.

Pode ser que de fato existam “aqueles que cruzarão apenas uma vez com uma alma dessas e que não haverá espaço para dúvidas” - se esse é o seu caso, ótimo para você e felicidades, mas finalmente fui chocada com a realidade de que esse não é o meu e acredito que de sua maioria também.

Entreguei uma chave do meu coração pela primeira vez quando tinha 17 anos. Não percebi o que tinha acontecido, apenas que tinha dado à ele a chance de destrancar uma fechadura em uma sala especial dentro do meu espírito - um cômodo do qual já ouvia falar, mas que só então conheci. Mesmo com outras paixões, verdadeiras, felizes, trágicas, rápidas e longas, foi com ele que deixei aquela chave, aquele espaço, pela primeira vez e por mais que houvessem outras pessoas durante os anos seguintes que vivessem ao redor, havia aquele lugar onde só ele sabia entrar. Passei noites e noites em claro desejando que houvesse alguém que pudesse substituí-lo ali, tomando seu lugar e essa sala; e talvez seja um desses casos de que devemos ter cuidado com o que desejamos, pois quatro anos após um último beijo houve um primeiro beijo que mexeu com minha alma.

Tive inseguranças e dúvidas demais para serem citadas em um texto. Não sei se posso me culpar, mas a realidade é que uma parte de mim achou quase que absurdo o fato de que havia mais alguém que poderia passar por aquela porta. Passei outras tantas noites sem dormir, comparando-a com ele, com raiva das circunstâncias e com receio de que não haveria terceira chance e então disse SIM! Sim à ele e ao nosso futuro juntos.

Mas como o universo conspira muito mais do que nossa mente, um pouco mais de seis meses depois de mais um último beijo houve outro PRIMEIRO BEIJO; outra chave entregue. E, dessa vez, havia me prometido colocar a armadura pesada do medo e não me jogar, como fazia antes, mas me joguei, e o amo, e não o trocaria por ninguém.

No entanto, ele não me fez esquecer os outros e nem irá. Ninguém irá substituir nenhum deles, nunca.


Logo, percebo que o amor que uma vez senti, e é romântico, continua vivo dentro de mim tanto quanto quando eu tinha 17 ou 21 anos: Ele respira, ele existe. Cada vez que encontrar algumas pessoas, sentirei que há uma chave sendo colocada na porta, que alguém pede para entrar.

No momento a terceira pessoa ocupa toda a sala, todo meu sorriso: cada dia com ele é uma experiência nova, cresço mais, amadureço mais, e o amo mais - e agora com a consciência de que meu amor por ele, minha escolha emocional de que ele é a pessoa certa para mim, nesse momento (e, quem sabe, para todos os outros), não retira o fato de que os outros dois também são os amores da minha vida.

"Amor da minha vida." Esse é um termo que não saia da minha boca há alguns meses, que não tive coragem até então de empregar novamente, mas que agora o faço de coração leve e certeiro. Eles são as pessoas de quem jamais serei amiga, mas que sempre serei a maior amiga. Não sei se as chaves são só três e meu futuro estará entrelaçado com uma dessas pessoas em particular, mas sei que não importa o TEMPO, a DISTÂNCIA, a COMPANHIA, as escolhas minhas ou deles, meu amor continuará.

Todas aquelas vezes que achei que o amor deixaria de existir, estava falhando em entender que o amor de verdade jamais morre. Parece quase que semelhante a esperança, ao ter fé, mas ele ainda tem um pé terreno que só quem sente duas almas conectadas e ainda presas em seus corpos consegue entender. Não é meramente o incondicional, o altruísta e a firmeza que o tornam transcendental, mas há uma qualidade de fogo que pode tanto corroer como, mais maduro, aquecer, marcando quem o carrega.

Estou há um pouco mais de 24 horas matutando e tentando digerir de que talvez o destino tivesse sido conhecer essas pessoas, e que haverá pelo caminho circunstâncias, opiniões e momentos que me façam estar com uma ou outra.

Nesse preciso e exato momento da minha vida, sei exatamente o que é o certo para mim e quem quero nesse agora e estou tentando conviver com a noção de que ainda tenho muito o que aprender e viver antes de compreender o momento e a decisão que é quando decide-se estar "para sempre" com alguém. Porque pedir pra casar e dizer que me ama é muito fácil.

Dentro do meu coração, começo a entender que a jornada de amar jamais tem volta e paradas, apenas um caminho em frente. E, seja o que for que essa trilha me guarda, acho que posso me considerar sortuda e orgulhosa por amar três pessoas únicas de forma incondicional, romântica, louca e, assumidamente, por toda a minha vida. 

No fundo acho que estou vendo que a pessoa "certa" é uma escolha, e não uma imposição; como ser humano, obviamente haverá o medo de fazer a escolha errada, mas como apaixonada, posso dizer que pela primeira vez em muitos anos estou finalmente confiando nos caminhos dos meus próprios sentimentos - que hoje continuam de mãos dadas com a pessoa com quem escolho estar na sala mais escondida do meu coração.

Descobri que meus sentimentos e meu destino, caminho, ou seja como quiser chamar, são muito maiores do que um dia acreditei. E, tomada por todo o amor do mundo, pela primeira vez em anos acho que finalmente entendo o conceito do quão livre é o verdadeiro amor!

terça-feira, 7 de abril de 2015

Aprendizados

Pensando pelas teorias brasileiras, o ano só começa de verdade depois do Carnaval. Já o meu ano de fato começou se renovando no dia 31 de Dezembro para o dia 1º de Janeiro, mas mesmo sentindo esse sentimento de finalização merecida, tem sido apenas recentemente que começo a ver os verdadeiros frutos de ter plantado, em mim mesma, a vontade de recomeçar. Há umas semanas pra cá, mais exatamente.

Obviamente há um período de "incubação" após grandes tormentas que precede o renascimento da luz. Esse renascer se dá muito mais como o quebrar da casca de um ovo, em oposição á uma retirada obstétrica bruta para o novo mundo. O que quero dizer com isso é que ficamos muitas vezes esperando um momento de profunda epifania para marcar o nascimento ou renascimento, um choro gritante, mas esquecemos que não apenas esse momento único pode não chegar, como podemos ignorar toda a jornada que pode antecedê-lo. Essa caminhada é muito mais longa e valiosa que se valorizarmos apenas o estouro da champagne.

 Nesse último mês, notei em mim mesma pequenas ações que, quando parei para pensar, significaram muito; mesmo que na hora eu não tenha notado. Pela primeira vez em oito anos (sim, oito anos!) escrevi sobre mim mesma apenas por querer me retratar e não porque precisava que alguém lê-se ou porque gostaria que ninguém soubesse sobre quem eu estava falando, enfim fui autêntica e sincera o bastante pra falar: Estou escrevendo sobre mim! É autobiográfico.
Me descrevi apenas pelo prazer de me descrever, por ter na minha mente uma questão estética e querer mostrá-la de alguma maneira. A verdadeira Larisse, não a que alguns supostamente acham que sou. 

 Percebi que voltei a gostar de visitar meus antigos desenhos, meus antigos projetos arquitetônicos, minha antiga agenda de sonhos...  De fazer pequenos agrados em forma de comida para as pessoas que amo. Notei que sentia falta de me arrumar para sair comigo mesma, de ir ao cinema sozinha, de me sentir confortável estando só.  De ser minha! 

Tenho plena consciência que ainda há um caminho longo que devo percorrer até me reencontrar depois da tormenta, mas conseguir apontar essas vitórias que poderiam passar despercebidas passou a alimentar a minha consciência de que estou aos poucos reencontrando uma Larisse que não via há muito, muito tempo. Sem deixar de lado o que outras tantas Larisses antes de mim viveram e aprenderam, mas resgatando também um amor próprio e um prazer em minha própria companhia que estava se perdendo durante um bocado de anos por pessoas e momentos que não valiam à pena.
Passei a fazer mais o que amo e não o que preciso e o que esperam que eu faça. Passei a passar a borracha ao que não preciso mais e às pessoas que não quero mais.

Dentro desse prazer em conviver comigo mesma, mesmo que ainda pontuado por momentos de baixa, percebo até mesmo a volta da vontade de conviver mais com as pessoas em que, de fato, encontro paz de espírito e um amor fraternal. Reconhecendo pedaços perdidos de mim mesma, em mim e nos meus amigos e família, começo a quebrar uma casca que nem tinha consciência de que estava me envolvendo: não de uma vez, não com um grande "BANG", mas sim com pequenas ações e momentos durante os dias mais comuns (e também os incomuns).

É natural e normal que as pessoas se percam, se reconquistem, se encontrem e reencontrem. Não buscando um novo eu, mas sim pedaços de um antigo eu que por ventura está faltando para deixar o eu atual o mais fiel à sua essência possível. Devemos sempre levar conosco as lições e aprendizados do passado, mas não deixando eles se tornarem uma cortina para a luz em formato de raiva, mágoa e desamor próprio.

Hoje penso no que amo, no que amei e no que quero amar em mim mesma. Sei que é uma jornada difícil, mas estarei aqui do meu próprio lado em cada passo que eu der. Contarei comigo mesma 24horas por dia.

Tô aprendendo...

quinta-feira, 2 de abril de 2015

O Silêncio

Sentia cada palpitar do seu coração bem abaixo da palma da minha mão. 
Senti que estava vivendo em um capítulo a parte daquela história, 
que não se encaixava com os demais e nem no meu raciocínio.

 Não conseguia saber o que falei, só que naquele instante o rosto que tentei beijar se virou para mim.
Abaixei a cabeça e entrei no carro, onde abaixei mais uma vez o rosto até chegar em casa;
dessa vez sobre o colo do meu travesseiro.

O dono de outra boca conhecida fez carinho nos meus cabelos até eu dormir de tanto chorar.
 Naquele momento, não soube quanto tempo a viagem até você levava.

Ainda é estranha a sensação: uma nuvem cheia de coisas não ditas, de não explicadas.
 Sinto um pouco que a nuvem é mais minha, mas pode ser porque não aguento o pensamento de ser mútua. Não sei se ele percebe que não consigo abraça-lo como abraço todo mundo: não consigo soltá-lo, com medo de que eu inteira desabe em algo que nem sei se existe dentro de mim. Por isso, nunca ponho meus pensamentos em seus braços. 

As vezes parece que me desligo um pouco do momento, para não cair numa tentação existente de servi-lo. As vezes também prendo a respiração para não sentir seu cheiro, (na lembrança). Em todos esses momentos, sinto curiosidade de saber se ainda é igual. E ai inspiro, só um pouco, naquele momento.

Estou perdendo o Anjo por conta do Pesadelo... Eu nao consigo tirá-lo de mim.